Podia ser um slogan para incentivar as pessoas a espalmarem as embalagens que colocam no eco-ponto para reciclar, não podia? Como: garrafas e garrafões de plástico, embalagens de leite, etc... Espalmando de facto poupam. Poupam viagens ao eco-ponto; poupam espaço no eco-ponto; poupam combustível no transporte dessas embalagens para o centro de reciclagem...
Mas existem outras coisas que se podem espalmar e hoje venho falar-vos de uma técnica de cultivo que consiste em espalmar árvores, a técnica da Espaldeira, ou Espalier (nome usado em Inglês e Francês).
A técnica consiste em condicionar o crescimento de uma árvore, alterando a sua forma, tornando-a bi-dimensional. O objectivo final é conseguido através de uma combinação de técnicas que incluem a enxertia e a poda criteriosa, mas a forma é conseguida essencialmente pela condução dos ramos jovens e flexíveis através de um suporte.
O termo tem origem na designação do suporte utilizado para treinar o crescimento da árvore: a espaldeira ou grade de ripas. Embora não pareça, devido ao seu menor volume, uma arvore conduzida pela técnica da espaldeira consegue uma captação de luz solar idêntica a outra da mesma espécie cultivada de forma natural, e consegue também uma produção idêntica de fruta. Por este motivo, a técnica foi muito popular na Europa Medieval, já que permitia a produção de fruta dentro das apertadas muralhas dos castelos da época. Mas não terá sido nessa época que a técnica foi inventada. Existem indícios que apontam para a existência da técnica em épocas muito anteriores, supondo-se que possa ter tido origem no Antigo Egipto.
O facto de conseguir recolher tanta luz solar, como qualquer outra árvore da mesma espécie, mas com um volume muito menor, torna estas árvores ideais para jardins pequenos, onde o espaço é precioso, mas também para se conseguir criar para efeitos decorativos inusitados (ver blog Cheiro de Mato), verdadeiras esculturas vivas. Uma árvore “espaldeirizada” (penso que este termo nem existe, mas vocês entendem-me, não?) pode ainda ser plantada junto a um muro (*) ou parede, especialmente naqueles que tiverem uma exposição solar orientada a sul (ou a Norte, para o hemisfério Sul). O muro, por um lado, reflecte a luz solar, que a árvore aproveita para absorver; por outro, retém calor que vai libertando durante a noite. Estes dois factores permitem que esta árvore consiga sobreviver em climas mais frios, onde outra da mesma espécie, mas cultivada de forma natural não conseguiria. Outra particularidade é a de os seus frutos amadurecerem mais rapidamente.
| Acer palmatum |
| Camellia japonica |
| Camellia sasanqua |
| Cercis canadensis |
| Chaenomeles lagenaria |
| Cotoneaster sp. |
| Euonymus alata |
| Ficus carica |
| Forsythia intermedia |
| Ilex Cornuta 'Burford' |
| Jasminum nudiflorum |
| Juniperus chinensis 'Pfitzeriana' |
| Magnolia grandiflora |
| Magnolia stellata |
| Malus sp. |
| Photinia serrulata |
| Pyracantha sp. |
| Stewartia Koreana |
| Taxus sp. |
| Viburnum sp. |
Nem todos os tipos de árvores são adequados para serem sujeitos a esta técnica, embora, em teoria, qualquer árvore de fruto possa ser uma boa candidata. A planta deve ter ramos longos e flexíveis. Como exemplo das espécies que melhor se adaprtam à técnica da espaldeira, temos: a Ficus carica (figueira), Malus (macieira), e a Pyrus (pereira). Ao lado encontra-se uma lista com 20 das espécies preferidas para a aplicação desta técnica.
Com o passar dos tempos, várias culturas utilizaram a técnica da espaldeira e simultaneamente criaram as suas próprias variantes, principalmente no que diz respeito à forma, desde a forma horizontal, em U, em leque, em losangulo,etc.
Consulte os links abaixo para uma informação mais completa.
(*) Deve ser respeitada uma distância de 15 a 25 entre a planta a e o muro ou parede para permitir um correcto desenvolvimento das raízes, para permitir também a circulação de ar e o controlo de pragas.
Informação traduzida e adaptada de:
http://edis.ifas.ufl.edu/pdffiles/MG/MG27300.pdf